sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Sem tribos
Nunca fui garota de tribo. Nenhuma tribo me arrebatou. Mas adotei algumas coisas de algumas delas.
Sou da geração X. Para quem não sabe, geração X é a dos adolescentes dos anos 80. Essa geração é herdeira dos hippies e criadora de uma revolução musical. Somos donos das Diretas Já, do fim da Ditadura militar, da Constituição brasileira, da discoteca, do surgimento do movimeto new wave(eu usei muita roupa colorida), do rock metal, da música eletrônica, de Ayrton Senna, do início da fabricação de computadores pessoais, videocassetes, walkmans...
A geração X foi um intermédio. Anteriormente uma geração que pregava a liberdade, sexo e rock, a dos anos 70. Posteriormente uma geração Coca Cola, shoppings, patricinhas e mauricinhos. Somos a geração ponderada, que tinha como maior objetivo a independência financeira, de fazer uma faculdade, de começar a trabalhar cedo para se aposentar cedo (as leis eram outras antes de Fernando Henrique e Lula).
A geração X era politizada. Isso porque sobreviveu a ditadura e deu os primeiros gritos de liberdade nas ruas, nas escolas, nos discursos, nas artes. Talvez por isso que não estranhava o surgimento de tribos, as quais vinham em protesto a elite, ao certinho e ao rotineiro. Mas quando elas surgiram eu já estava crescida, lá pelo final dos anos 80. Eu via aquilo como uma consequência natural de rebeldia.
Nunca adotei tribo alguma, mas amava o rock, as jaquetas escuras, as roupas coloridas e soltas, o cheiro de Almiscar Selvagem, o biquine asa delta, o surf, eram tantas coisas, de tantas tribos...tudo era bonito, novo, interessante...
Hoje, observo de longe. Sou a coroa que não envelhece e não adota tribo alguma. Não sou isso nem aquilo, não estou lá, nem cá. Sou eu mesma sempre e talvez por isso tenho amigos de todos os tipos e de todas as tribos.
Eu sei que não preciso sair por ai com uma camiseta do Nirvana para dizer que sou rockeira, nem usar cabelo grudado na cara para dizer que sou emo...então acho tão engraçado...vejo a gurizada tentando ser aceita e para isso adotar alguma tribo. A necessidade de aceitação é fundamental para algumas pessoas. Eu só queria aprender. Viajei de mochila nas costas, peguei carona, presenciei o primeiro Rock in Rio e vi Queen. Adotei uma vida sem tribos e é um direito meu, e assim ensino aos meus filhos. Quero-os tão independentes quanto eu, sem modismos, mas eles passam por maus bocados por causa disso. Hora veja, a coisa inverteu! Antes eram as tribos as descriminadas , hoje são os livres de modismo e tipos. To ferrada!
Jaila Maria*

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