sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Maturidade?


As pessoas falam em maturidade como se isso fosse possível, completamente, na vida de alguém. Ninguém é totalmente maduro. A vida é de uma complexidade infinita e são tantos assuntos, tantas informações, tantas realidades que muitas vezes nos vemos perdidos nas respostas de questões que parecem simples, mas que são incógnitas para nós.
Conheço um camarada cinquentão. O homem é lindo de babar, inteligente, cheiroso, alegre...o tal se apaixonou. Danou-se! Parece um adolescente confuso, medroso, inseguro, desconfiado...ele nunca havia amado. É tão imaturo nesse assunto que tenta transformar o sentimento bom em raiva, para poder se libertar.
As pessoas falam em encarar desafios, matar leões, como se todos passassem pela mesma dor e necessidade. Tem gente que passa a vida toda lutando contra si mesmo e nem sabe disso!
Conheço uma quarentona como eu que em várias fases da vida sempre reclamava de algo: quando tinha dinheiro, não tinha amor, quando o profissional estava bem, o familiar estava ruim... e assim ela foi vivendo. Hoje ela não tem família, nem amor, nem dinheiro e é feliz. Descobriu na música sua paixão e viu que sua busca de uma vida estava ali, juntinho dela, dentro dela.
As pessoas falam em amor e verdade, como se nunca mentissem e estivessem sempre amando alguém. Mal sabem estas pessoas, que infelizmente, em algum momento da vida, todos usamos máscaras e da hipocresia para poder continuar a conviver. Quem nunca mentiu?, Quem nunca fingiu? Quem nunca omitiu? Sim, pois a omissão é tão cruel e má quanto a mentira!
Conheço um trintão bonitão, charmoso, inteligente, rapaz que toda mulher gostaria de ter em casa junto de si. Sempre pregou a verdade como a melhor qualidade no ser humano. Cobrava confiança e sinceridade das pessoas de sua relação. Afirmava ser muito observador e pressentir e entender as pessoas. Porém sempre acaba perdendo as pessoas que surgem em sua vida e até aquelas que conquista, pois as abandona e deixa de observá-las. Não consegue enxergar a verdade por se omitir da convivência.
As pessoas falam em justiça, gritam aos quatro cantos as maldades do mundo. Dizem lutar pelos fracos e oprimidos, salvar os que padecem no esquecimento da lei. Mas escondem dentro de si a raiva, o desprezo e a infelicidade. São pessoas que só ficam na pregação, muitos até usam da religião. Se agem, é somente pelo seu grupo de preferência e por aquele que faz parte. Que justiça é essa?
Não me fale em maturidade. Ela existe em alguns momentos de razão. Sou imatura quando abandono uma causa por medo? Isso é covardia. Sou imatura por conquistar coisas e não cuidar? Isso é relaxamento! Sou imatura quando falo uma coisa e faço outra? Isso é hipocresia! Sou imatura por mudar meus sentimentos de uma hora pra outra? Isso é ser volúvel!
Não me fale em maturidade. Torno-me criança quando amo! Criança que cobra o que foi prometido, que chora com tua dor, que ri sem motivo, que coleciona lembranças, que cutuca pedindo atenção, que vê colorido em dias cinzas, que quer estar sempre perto...
Não me fale em maturidade e não exija isso de mim. Pois a minha maturidade se manifesta todos os dias quando acordo, quando tenho consciência da minha importância para certas pessoas, quando cuido as palavras que digo, quando respeito a tua liberdade e personalidade, quando dou mais prioridade a vida do que a futilidades, quando abdico de sonhos pelos que amo e dependem de mim, quando não uso de orgulho e tenho coragem de dizer o que penso e sinto. Pois a vida não é um jogo para quem é maduro.
A maior manifestação da maturidade é ser humilde e estar sempre pronto para buscar e descobrir a si mesmo.
Jaila Maria*


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